domingo, 14 de fevereiro de 2010

Sinopse*


A vida é um cinema
Vejo a morte passar
Filme descontinuo
Uma fita rompendo
Parado, correndo
Noite, chuva caindo
Movimento, morto
Uma fita rasgando
E ninguém chorando
Algumas emanam medo
Como se lessem jornal
Deste enredo cotidiano
De um dia normal

No chão, poças de sangue
Sacrifício de animal
Deste filme sem herói,
Bandido ou policial
É só mais um corpo
De um dia normal
É só mais um porco
Sacrifício de animal

Morto, por que nascer?
Segue o dia a noite, sem ver
Amor, Infância, cadê?
Armas a entreter
Sonho, fantasia, sobreviver 
Qual a questão, se não há ser?

Pólvora, cheiro, barulho
Vergonha, medo, orgulho
Sem identidade, bagullho
sem dinheiro, telefone
Pele negra, crime
Suspeição, reação?
É rir, lembrar, esquecer
Madrugada sem amanhecer
Céu azul brilha inteiro
Seca o sangue das poças
Ao passar das moças
Ao beijo das moscas
Gotas rubras nos bueiros
Barulho surdo de carros
Silêncio sem boca, zombeteiro
O maldito escárnio bizarro

.....................
Um informe policial
Notícia sensacional,
Virando esta página
De um dia normal
.....................
Páginas mortas
Filme vivo e real
Mil mortes jovens
Tudo bacana e legal

.....................
Lí a pagina
Ví o filme
Ví a cena
Sinto o cheiro


.....................
Drama, comédia, miséria!
Mais um dia normal
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27 de novembro de 2007

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