
Senhoras, Senhores
Das mães não há pieguices a contar
Tampouco aludir glórias efusivas
Fazem apenas o que sabem, ou podem
Heroísmo? Só o silêncio do cotidiano.
Bem antes
Soube a uns meses, pouco tempo
Nascer foi arriscado, quase trágico
Trinta horas de parto, quase despedida
Sem nascer quase morri, quase matei
Longe de hospitais, eletricidade
Tias, avós, com até quinze filhos!
E minha mãe menos. Apenas sete!
Mulher para parir... para servir
A um tempo
Ela não programou a vida, ou vinda
Mas sabia que viver é desafio
E se questionasse... A quem!?
O que mudou? Só ela sabe!
Eu sequer sei de onde veio a força
Sequer pareceu em si mesma forte
Rainha mesmo, só no sobrenome
Mas Almelina deixou de ser "Amélia"
E depois
Soube por ela, por mim: viver é difícil
Caminhar sem mapa ou rota, por anos
Forjar escolhas. Sobrevivemos! Como?
Lutando! Pois viver é o sentido da vida
Sem pesares ou pena a cumprir
Ela segue viva. Não morta-viva
Sem discursos, poesias, festas, etc.
Privadamente, fez seu feminismo
*À Almelina Rainha de Souza (my mother, e que adora Clara Nunes)
Deivison Souza Cruz
27 de Abril de 2009